O autoconsumo é o recurso a painéis solares fotovoltaicos para produção de energia para consumo próprio, sem recurso a baterias.

As UPAC (Unidades de Produção de Auto Consumo) estão acessíveis a todas as entidades (particulares e empresas) sendo reguladas pelo Decreto-Lei nº153/2014 de 20 de Outubro.

COMO FUNCIONA
Ao contrário do sistema isolado, o autoconsumo pode ou não estar ligado á rede eléctrica nacional. A finalidade do autoconsumo não é o cliente ficar independente da rede mas sim, reduzir o mais possível a sua factura de energia. Um sistema de autoconsumo bem projectado tem de levar em linha de conta a relação energia produzida vs energia consumida pelo cliente.

Se a relação passar os 100% o sistema pode estar sobredimensionado. Tem sempre a solução de efectuar um contrato de venda da energia mas a tarifas reduzidas (valores inferiores aos da compra em cerca de 50%), se a potencia instalada for superior a 1500Wp.

Quanto mais esta relação se aproximar dos 100%, menor o excedente produzido.

Se a relação for muito inferior aos 100%, o sistema pode estar subdimensionado. Neste caso, o cliente está a consumir tudo o que produz. É uma solução boa para o cliente que, não tendo capacidade financeira para ter a solução ideal, quer ter uma solução mais económica que também lhe baixe a factura de electricidade. Assim sendo, o cliente nesta situação pode escolher quanto quer poupar na sua factura.

Por exemplo, se na situação ideal o cliente poupa 50% na factura de electricidade, o cliente pode querer saber qual o investimento para poupar 40%, ou 35% ou 30%,….O cliente escolhe o seu grau de autonomia.

ENQUADRAMENTO LEGAL
As UPAC têm um enquadramento legal especifico consoante a potencia contratada e instalada.
Em relação à potencia contratada, a mesma tem de ser maior que a potencia instalada e o consumo anual da instalação tem de ser superior á produção anual da UPAC.

Em relação à potência instalada, a mesma segue os seguintes critérios:

- Para instalações menores que 1500W e maiores que 200W:
O registo da instalação requer uma mera comunicação prévia, no site da DGEG, (www.dgeg.pt => Áreas Setoriais => Energia Eléctrica => Registo de Unidades de Produção (SERUP)).

Está isento de taxas de registo e de Seguro de Responsabilidade Civil.

- Para instalações maiores que 1500W e menores que 1MW:
Tem de efectuar um registo da instalação, no site da SERUP, e emissão de certificado de exploração. Existe pagamento de taxas de registo.
Há uma remuneração do excedente produzido sendo necessário ter um equipamento com telecontagem e um comercializador de ultimo recurso.
É exigido, neste caso, Seguro de Responsabilidade Civil.

- Para instalações maiores que 1MW:
Neste caso terá de obter uma licença de exploração com o pagamento de taxas de registo. A remuneração do excedente será definida com o comercializador de energia com quem tenha contrato. Neste caso também terá de ter equipamento com telecontagem.
É exigido, também neste caso, Seguro de Responsabilidade Civil.

 VANTAGENS DO AUTOCONSUMO FOTOVOLTAICO:

- Promove a produção de energia solar num ponto próximo ao consumo e portanto reduz as perdas.

- Incentiva a produção de energia renovável, ou seja, democratiza a produção de electricidade e permite a entrada no mercado de novos actores o que faz com que aumente a concorrência e baixem os preços. Além disso, acaba com o monopólio de algumas empresas produtoras de energia eléctrica.

- Dinamiza a indústria solar fotovoltaica, outorgando um crescente protagonismo a empresas portuguesas durante toda a cadeia de valor.

- Promove a criação de emprego e contribui para a formação e o desenvolvimento dos recursos locais.

1º PORQUE O PREÇO DA ENERGIA FICA SIGNIFICATIVAMENTE MAIS BARATO
No gráfico a baixo verificamos que o preço por kWh produzido para um investimento em equipamento solar a 15 anos, período bastante inferior à expectativa de vida do equipamento fotovoltaico (estimado em 25 anos), é bastante inferior ao preço que hoje pagamos pelo kWh comprando à rede. Na realidade é cerca de metade.

Tendo em conta o aumento médio da tarifa energética nos últimos 10 Anos, cerca de 3%, e sendo expectável que este se mantenha futuramente, ao 15º ano estaremos a produzir energia a um preço 5 vezes inferior ao preço de compra à rede.

2º PORQUE É UM BOM INVESTIMENTO FINANCEIRO
As rentabilidades são muito superiores às de um banco podendo chegar aos 30% ao ano dependendo da tarifa contratada e do tamanho do sistema fotovoltaico. O retorno do investimento situa-se entre os 3 e os 6 anos, dependendo da tarifa contratada.

DEIXA DE SER NECESSÁRIO CONSUMIR ENERGIA DO FORNECEDOR?
Não. Tal como exemplificado na imagem à esquerda num sistema produção fotovoltaica bem dimensionado para o seu perfil de consumo apenas irá produzir parte da energia total necessária ao consumo, a outra parte continuará a ser adquirida à rede.

Este tipo de sistemas terão de estar sempre ligados à rede para fazer face a alturas onde não é possível produzir energia suficiente para as necessidades.

O QUE ACONTECE SE PRODUZIR MAIS ENERGIA DO QUE CONSUMO?
O excedente de produção pode ainda ser injectado na rede mas a tarifas muito reduzidas, ao contrário do que acontecia com os programas micro e miniprodução. Na prática o verdadeiro interesse do sistema de autoconsumo está em reduzir ao máximo a compra de energia à rede

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE AUTOCONSUMO PARA EMPRESAS
A principal limitação no dimensionamento do sistema fotovoltaico é o consumo energético do cliente, enquanto a rentabilidade é determinada pela tarifa contratada com o fornecedor de energia.
Por este motivo é fundamental o cliente fornecer um conjunto de 6 facturas de electricidade para podermos dimensionar o sistema para o seu caso concreto.

RESTRIÇÕES:

Legais:

- O tamanho do sistema fotovoltaico tem de ser inferior à potência contratada

- O total de produção fotovoltaica não pode ser superior ao consumo anual total de energia

Financeiras:

- O valor pago pelo kWh injectado na rede é inferior a 50% do valor do kWh que deixamos de adquirir.

Com base nas restrições existentes, o dimensionamento ideal para um sistema de autoconsumo deve simultaneamente obedecer às restrições legais bem como garantir que toda a produção é canalizada para o consumo, tal como exemplificado no gráfico abaixo.

COMPOSIÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA AUTOCONSUMO 

- Modulo solar fotovoltaico

- Micro-inversor ou inversor (consoante a potência da unidade de produção)

- Interface SMA Multigate

- Contador de UPAC

- Contador bidireccional